29.9.06

O Sheik desce a cimitarra nas tirinhas

Saudações, infiéis! Que as bençãos de Allah caiam sobre suas cabeças pelo menos um centésimo de segundo antes de vocês ouvirem a explosão.
Hoje o Sheik levantará sua cimitarra erguida, enorme, afiada e flamejante contra um assunto querido aos Franj: as tirinhas dos jornais.
Dizem as sábias palavras do Mulá Al-Fahzema, O Excessivamente Perfumado, que quem começa a leitura dos jornais pelas tirinhas vive por cem anos. Na verdade o Mulá Al-Fahzema copiou esta máxima da pesquisa de uma universidade Franj, mas a verdade dos enviados do Profeta é melhor do que qualquer pesquisa, ainda que plagiada. As tiras da Folha de São Paulo estão em primeiro lugar porque o Sheik costuma ler este sórdido pasquim descrente e imperialista enquanto perfaz suas primeiras obrigações matinais, sentado no trono dos eleitos e de costas para Meca. Mas o Sheik acrescentou algumas outras tiras de outros órgãos da imprensa marrom incréu, imperialista e infiel que ele também costuma ler quando está em outros lugares, para não concentrar todos os golpes de cimitarra num ponto só. E agora, como dizia o carrasco saudita, vamos pedacinho por pedacinho e tira por tira:

Chiclete com Banana - Angeli
Houve um tempo - mas para Allah só existe a eternidade - que Los Tres Amigos reinavam sozinhos nos cartuns brasileiros. Angeli, Glauco e Laerte: os três eram ótimos separados e muito bons juntos. Cada qual tinha seu traço e suas influências, mas na verdade Angeli era o mais engraçado dos três. E por um tempo criou personagens tão bons que o Sheik orava pelo menos duas vezes por dia voltado para Meca para que um deles se tornasse eterno, ou os três se reunissem para criar "Os Três Emires". Se fosse nos bons tempos, o Sheik até deixava passar uma blasfêmia ou duas.
Mas como cartunista o Angeli envelheceu, e os personagens idem. A Rê Bordosa morreu na hora certa, o Bob Cuspe deve ser hoje gerente de uma videolocadora, o Rallah Ricota bispo de igreja crente, a Mara Tara uma das fiéis dele. Mas nas tiras todos continuam de uma eternidade teimosa. E os novos personagens simplesmente não têm a mesma graça dos antigos. E no contraponto, tome Mondo Pinguino, República dos Bananas, capas imaginárias de discos (antigo, não?) e às vezes uma das velhas tiras, só que sem a graça.
Angeli: seu traço é muito bom. Você sabe disso, sua mulher sabe disso, seu cachorro sabe disso, sua tia Concetta sabe e nós também. Mas lugar de traço bom é na galeria de arte, cartum tem que ter traço e graça. Tire umas longas férias, embarque numa viagem de ácido se o seu geriatra deixar, tome um bom porre de uísque paraguaio e vá desenhar de ressaca. Lembre-se dos bons conselhos dos malditos infiéis Auberon Waugh e sua versão brasileira Cinecastro, Paulo Francis: depois dos 45 humor tem que ter uma certa dose de mal-de-próstata, ou se perde a graça.
Ou um conselho alternativo: dê o seu lugar nas tiras a outro ou publique um revival. E continue nas charges, porque como chargista você está melhor a cada dia (menos naqueles em que o espírito das tiras se infiltra nas charges). E foi pelas charges que o Sheik se inspirou na generosidade do Profeta e deu só duas bombinhas.


JJ - Short Cuts e Os Pescoçudos- Caco Galhardo
"Os pescoçudos" começou mal, bem avant garde - e como diz o Micalba nada menos avant garde do que avant garde. Mas tudo melhorou bastante: o traço, os personagens, as gags. A Miriam Poodle já está deixando saudades, o Chico Bacon é muito bom, os Conjugal Fighters andam meio sumidos mas são ótimos. De vez em quando se nota um tropeço e uma volta às origens, mas como disse o Mulá Al Denthe, às vezes falta inspiração para tudo, até para novos aforismos árabes. Mais um tempo e ele ganha mais um oásis.

JJJ - Aline & Rocky e Hudson - Adão Iturrusgarai
Tive que afugentar o alter-ego o Micalba com a cimitarra antes de escrever esta, porque os propalados 25% de sangue francês dele são na verdade sangue basco e isso podia acabar influenciando o meu julgamento. Além do mais, nem muçulmano gosta de cutucar basco com vara curta - mesmo que seja só 25%. Mas concordo com ele: o Iturrusgarai (só outro basco para me ensinar como se escreve isso) tem boas gags, um traço peculiar mas constante (pena que a Aline não seja mais sexy e a bunda do Rocky e Hudson deixem a desejar para os apreciadores). Mas o sorriso nosso de cada dia está garantido, e os três oásis também. Quando as curvas da Aline aparecerem mais oásis podem se materializar no horizonte.

- Piratas do Tietê - Laerte
Um dia alguém disse ao Laerte que ele tinha o melhor traço do Brasil e que era o mestre dos mestres, e ele acreditou. Pouco depois um dos seus personagens mais fracos e ridículos - o Homem-Catraca - virou tema de redação de vestibular. Aí ele teve certeza e ficou impossível.
Laerte: Allah, Maomé, Cristo, Buda e o Ali da loja da esquina reconhecem a humildade como uma virtude, e nas imortais palavras do Mulá Clint Eastwood no avatar de Dirty Harry, o homem precisa conhecer suas limitações.
Uma lição em imortalidade (e só Allah conhece mais do assunto): em 2005 Maggie Broon foi escolhida a mulher mais sexy da Escócia. Maggie Broon é uma personagem do The Broons, uma tira escocesa publicada desde 1936. Blondie (Belinda) é de 1930, e continua sendo publicada. Imortalidade é mais ou menos assim.
Posto em perspectiva, o traço do Laerte é tão bom como o dos Caruso Bros. - eu nunca sei qual é qual. Pelo menos eles tentam ser engraçados (try, try again) e um deles - acho que o Paulo - faz ou fazia uma jam session bem razoável no Bar Piratininga, na Vila Madalena. O Sheik ia sem o kaffieh para disfarçar, e pedia ao Passarinho um Dry Martini com Noilly Prat e Bombay Saphire.
Outro dia o Laerte pediu para "emular o Millor". Sacrilégio! O traço do Millor é discutível mas a combinação de cores dele é fantástica. E o texto dele é excepcional, especialmente para um cara que ainda traz na careca traços de cocô de pterodátilo seco . O Millor é um ícone de verdade, e o Laerte um aspirante muuuuito pretensioso.
Seja como for, de repente o Laerte perdeu inteiramente a graça e tome tiras que deviam ser publicadas na revista da seita Universo em Desencanto ou no Jornal da Associação Psicanalítica Brasileira. O homem anda tão engraçado quanto uma comédia de Brecht ou uma das piadas citadas por Freud em "O Chiste e sua Relação com o Inconsciente". Haja saco.
O traço continua bom (mas lugar de traço solitário é na galeria de arte), mas apesar dele colaborar com quase todos os cadernos da "Folha", a graça vai lentamente sumindo de todos eles: já desapareceu das tiras faz muito tempo, do "Suriá" do caderno infantil, recentemente evaporou da parte de televisão da Ilustrada de domingo, e daqui a pouco some do último refúgio - o caderno de Informática.
O mais depressivo é que um dia ele já foi bom - muito bom.
Última lição do Sheik:
Laerte: Hoje você é como uma tempestade de areia no deserto. Vista à distância, um espetáculo magnífico. De perto, só entra areia no seu olho.

JJJJJ - Níquel Náusea - Fernando Gonsales
O Profeta disse uma vez - e mesmo que seja o dos Franj Maomé está disputando o copyright - que os humildes herdarão a Terra. O Gonsales é um desses. A risada nunca falha, e o traço é tosco mas nunca deixa de dar o recado. E é melhor achar inspiração em um bicho por dia - infinitas são as criaturas de Allah - do que inventar moda.

JJJJ - Radicci – Iotti
O Sheik sente uma simpatia especial pelos gaúchos, especialmente depois que descobriu que bombacha pode ter sido herdada dos zuavos. O Radicci tem tudo o que o Sheik gosta: é politicamente incorreto, grosso, bárbaro e selvagem, e caçador como o Micalba. O traço é ótimo, ainda que nem todos possam ver de cara (alguns vão ter que comprar "O Livro Negro do Radicci" para perceber isso). O único senão é que o texto é meio regionalista, e por isso falta o último oásis. Mas gaúchos e muçulmanos são casos à parte, e você tem que conhecer um antes de gostar.

28.9.06

A crítica fundamentalista do Sheik Mikhalba Tahan

Saudações, infiéis! Que as bênçãos de Allah e Maomé caiam sobre suas pobres cabeças descrentes. Sou o Sheik Abn Ibn Ben Mikhalba Tahan e a partir de hoje serei seu crítico cultural. Nada escapa aos olhos de Allah, e nem vai escapar da Jihad que Mikhalba Tahan está começando contra a arte imperialista, decadente e ímpia dos infiéis. Sobre todas as coisas pairará minha cimitarra erguida, enorme e flamejante: filmes, livros, séries, tiras, outros críticos. Minha Fatwa será certeira e implacável como a caca da pomba do deserto ao cair no seu albornoz que chegou da lavanderia.

Mas antes vamos estabelecer um critério, à maneira dos Franj:

J- O Sheik gostou. Que seus camelos dêem leite e suas camelas Pol Roget ’66.
JJ - O Sheik achou muito bom. Que suas ovelhas sejam contorcionistas e que saibam de cor o Kama Sutra e o Jardim Perfumado.
JJJ - O Sheik achou ótimo. Que a sua caravana esteja sempre carregada de Glenmorangie e Partagas fresquinhos, e que o mercador se esqueça de mandar a conta.
JJJJ - O Sheik adorou. Que você tenha uma legião de odaliscas órfãs, e que as suas sogras em perspectiva estejam queimando bem direitinho na chapa de assar quibe de Eblis.
JJJJJ - O Sheik está no Paraíso. Que você demore mil anos para fazer companhia a ele, e que e enquanto você não chega que suas 70 virgens o esperem assistindo o Adult Channel, para melhor aguardar a sua vinda.



Por outro lado, se a ira de Allah e do Sheik forem despertadas:

O Sheik não gostou. Que sua mulher ponha repolho e feijão branco em seu tabule e você se transforme num homem-bomba. Se a minha adaga não estivesse no conserto eu iria até aí te transformar num eunuco agora mesmo.
O Sheik não gostou mesmo. Que as únicas esfihas que você coma daqui para frente na sua vida sejam as do Habib's. Na falta da adaga estou pegando a cimitarra e já estou chegando.
O Sheik detestou. Que as pulgas de mil camelos infestem seus sovacos, e a sarna de mil e um chacais façam morada na gruta da sua mulher. Eu pensaria duas vezes antes de ligar o carro amanhã.
O Sheik odiou. Que Allah fulmine o seu controle remoto e daqui por diante você só consiga assistir ao Faustão e ao Fantástico, e que quando você chegue ao jornaleiro só reste a CARAS para você comprar. Agora não tem conversa, é na Fatwa!
O Sheik abominou. Que quando você entre em casa sua mulher esteja ofegante e você encontre o Bush, o Blair, o Lula, a Marilena Chauí e o Chaves no seu armário. Que Fatwa o que, o negócio agora é Jihad!

E não se esqueçam, cães infiéis: Islã é paz!

27.9.06

Alemão tenta por só a cabecinha de Maomé mas é impedido

Também deu no NYT: a Deutsche Oper Berlin cancelou a encenação de ópera Idomeneo de Mozart depois que o diretor Hans Neunfels tentou incluir uma cena na qual o rei de Creta Idomeneo leva as cabeças decepadas de Maomé, Jesus, Buda e Poseidon até o palco e coloca cada uma delas num tamborete.

O engraçado é que a cena não existe no libreto original: como Mozart era o menos alemão dos compositores germânicos (talvez porque fosse austríaco, raios!), o velho Wolfgang era parte da minoria que acredita em óperas com finais felizes. No final original o rei Idomeneo abdica do seu trono para pacificar Poseidon, e abençoa a união de seu filho Idamante com a princesa Ilia.

As tais cabeças cortadas (será que tem influência do Glauber Rocha no meio? Argh!) são reflexo de uma terrível invenção alemã: a de colocar elementos contemporâneos na encenação de óperas tradicionais (lembre-se de que os alemães também inventaram o Jardim da Infância, as provas escolares e o nazismo). Adaptada às terras tupiniquins, essa foi a origem de uma antiga montagem (anos 80) do “Holandês Voador” montada pelo Gerald Thomas na qual os personagens cantavam de frente para o Muro de Berlim usando o que deveriam ser máscaras de gás mas pareciam focinhos de porco; numa exacerbação tropical do horroroso setentrional. O tal Neunfels mudou o final para apontar que “todos os fundadores de religiões são personagens que não trouxeram paz ao mundo”. Razoável, exceto talvez pelo fato de que Poseidon não fundou religião nenhuma: era só mais um espremido num panteão enorme. Neunfels foi identificado como “um secularista”, eufemismo popular para um bananão que ainda sequer decidiu se é ateu ou agnóstico.

Daí, veio um crítico muçulmano com uma cimitarra flamejante e tanto o Neunfels quanto a Deutsche Oper Berlin acharam melhor afinar. O teor das supostas ameaças não foi divulgado.

Nessa história toda o Micalba identifica duas tendências atuais:

- Primeiro, o atual hobby alemão de cutucar muçulmano com a vara curta. O Bento Papão não está sozinho nessa; agora até ateu quer meter o bedelho.

- O fato de que os críticos muçulmanos são os mais eficientes de todos. Os outros ficam dando estrelinhas e desenhando bonequinhos e fazendo longas resenhas; ao crítico muçulmano basta dizer que vai explodir o teatro, decapitar o diretor e empalar o elenco. Um tanto brutal, mas inegavelmente mais eficaz.

O que dá ao Micalba uma idéia - mas como de costume, você vai ter que ler de baixo para cima para descobrir qual.

Tá tudo dominado!

Agora você pode acessar a Quinta do Micalba pelos seguintes domínios:

www.micalba.com

e

www.quintadomicalba.com

Deu no jornal: Propaganda de campanha nunca teve tanta baixaria.

Não, não saiu na imprensa brazuca: deu no New York Times. A campanha é a dos candidatos a senador e a congressman dos EUA. É a tal da liberdade de expressão.
Ao contrário, aproveitando a tal da índole pacífica do brasileiro, a nossa campanha é um primor de educação, e a propaganda está quase proibida. Os sinais dos tempos também ajudam: “Ladrão” ou “Corrupto” não são mais ofensa por aqui. São apenas uma forma íntima de se cumprimentar o outro candidato.

No mais, o nível dos ataques no Brasil é o mesmo de uma briga entre alunos de Jardim da Infância:

- Feia! Boba! Chata! Seu cabelo é horroroso, e sua blusa é cafona!
- Judas! Traidor! Capetão!
- Picolé de chuchu! Tucanão!

E como no fundo são todos amiguinhos, cada aluninho procura sentar bem no seu rabo antes de falar do rabo do outro, senão o outro fala aquela frase que acaba com a briga num instante:

- Opa! Não mete minha mãe no meio que eu meto no meio da tua!

No caso: é mãe ou mão?

26.9.06

Professor Micalba corrige II

O Lula está em dúvida se tem um demônio dentro dele ou se é a reencarnação de Tiradentes ou Jesus Cristo. Por outro lado, a múmia do Fernando Henrique acha que ele é o demônio, e o filhote de Trosky com Cruz-Credo da Heloísa Helena disse que ele se parece mais com Judas, porque ele "traiu a sua classe de origem"".
O Professor Doutor Micalba, Lente de Aritmética Elementar e Ponto em Cruz na Universidade Livre e Desimpedida da Cova da Periquita (Ribatejo) discorda de FHC, mas concorda parcialmente com HH:

"A conclusão está certa, mas as premissas estão erradas. O problema é de proporção: no caso de Cristo, era um contra doze; no caso de Judas, eram doze contra um".

Barraco em Belém


- Quem você acha que está enganando, José? Se essa biscate colocar os pés nessa estrebaria, eu volto para a casa da mamãe em Nazaré e levo o menino comigo!

Sex on the beach & Fashionable nonsense

O Micalba é fã do livro do Sokal e do Bricmont, que infelizmente ainda não foi traduzido em português (deve ser publicado aqui lá por 2.020, quando não for mais novidade). O título é “Fashionable Nonsense”, e a idéia central é mais ou menos a seguinte: conte qualquer história banal em filosofês (emprestando termos das ciências exatas) e com sorte a coisa passa.
O caderno “MAIS” da Folha de São Paulo deve ser editado por Abramo Jekyll e Frias Hyde: tem dias ótimos, dias equilibrados (porcarias X coisa boa) e dias em que... na falta de assunto, bata três vezes na tumba do Adorno ou do Gramsci.
Domingo passado (24/9) alguém quis dar uma abordagem “intelectual” (O Micalba sempre lembra a definição: “What’s an intelectual? A clever bastard.”) ao caso Tato/Cicarelli. Ao mesmo tempo a entrevistadora quis dar uma mãozinha para um tal de Caetano Dias, que pelo visto deve ser ou o amor da vida dela ou seu coleguinha do jardim de infância. O Caetano fez um filme que “acompanha o princípio de conversa entre uma mulher negra e um homem branco, o encontro e o abandono. A investida poética de Caetano Dias trata da espetacularização das patéticas performances humanas”. Noves fora, é o registro “de um casal que transa no mar, alheio à grande movimentação” (opa! Tem vírgula sobrando, como diria vovô Micalba) “na praia de Guarajuba, na Bahia”.
Quando passar em Jutucurundu, por favor me lembrem de não ir assistir.

Explicando a coisa em termos simples e não intelectuais, a coisa funciona assim:

Casal filmado transando numa praia movimentada sempre conseguirá algum público. Entretanto, dependendo do casal e da localização da praia, a divulgação pode ser:

a) No National Geographic Channel;
b) No Animal Planet;
c) Nos “Melhores Vídeos Policiais”;
d) No Datena ou no Ratinho;
e) No site dos “Vídeos Amadores Caseiros”;
f) No You Tube e no resto da mídia;
g) No filme do Caetano Dias.

Se eu por acaso fosse metade do casal, a última opção seria sem dúvida a mais nauseante de todas.

Por outro lado, a imprensa deve comentar o vídeo:

No caso das opções “a”, “b”, “c”, “d”, “f” e “g”: na Ilustrada, no Segundo Caderno, no Cultural ou equivalente (no caso da opção “g”, preferivelmente em nota de pé de página);
No caso das opções “c” e “d”, alternativamente: no Cotidiano ou na página policial;
Para a opção “e”, o Caderno de Informática, e para a “f” a mesma coisa, alternativamente.

Há muitas eras passadas, quando os movimentos do casal eram freqüentemente interrompidos pelas criaturas que emergiam da água em busca de um lugar na escala evolutiva e pelos pterodátilos que sobrevoavam a orla marítima, o Micalba já fez amor na praia. E achou muito bom, e espera que a opinião tenha sido mútua. Na época, a praia era quase deserta, e os outros poucos banhistas estavam distantes e só apimentavam a coisa. Na mesma praia hoje a façanha seria impossível (e olha que foi em Búzios), porque construíram pelo uns três condomínios bem defronte. Mas aí é que eu me pergunto: de quem é a culpa? Do tesão ou da praia?

No mais, disse e repito: a inveja é uma merda. Se for disfarçada, pior ainda.

25.9.06

Professor Micalba corrige

Outro trecho do discurso do Lula ontem:
"Dia 1o. de outubro é dia da onça beber água. Essa oncinha está com sede".
O Professor Doutor Micalba, Lente de Português e Suaíle na Universidade Aberta e Escancarada de Monte dos Cabaços (Alentejo) corrige:
"No caso dele, a construção mais adequada seria: Dia 1o. de outubro é dia da onça beber água, mas eu estou com sede é de Oncinha".

Lula: Tiradentes viu a independência...

pena que não viu direito. Os olhos estavam meio esbugalhados depois do enforcamento, e os vermes que ficaram trinta e três anos comendo as órbitas dele atrapalhavam um pouco a visão.

A inveja é uma merda

Ao invés de ficar babando, pegue seu/sua companheira/a e faça também!

Sex on the Beach
Ingredientes:2 doses de Vodka, 3 doses de suco de laranja ,1 dose de de licor de pêssego, gotas de groselha Modo de fazer: Bata na coqueteleira com gelo todos os ingredientes, menos a groselha. Encha o copo para long drink com pedras de gelo até a borda. Pingue algumas gotas de groselha e coe o conteúdo da coqueteleira no copo. Mexa com a colher bailarina para subir um pouco a groselha do fundo. Decore com uma meia lua de laranja e cerejas.

Consolo de pobre é f....!

23.9.06

BOMBA! Comissário Micalba detona o caso Lula - Cicarelli

O Comissário Micalba (foto) mais uma vez surpreende e revela uma inesperada conexão entre as duas notícias que foram mais ou menos notícia durante a semana: o caso Tato-Cicarelli e o "dossiêgate" são na verdade parte de uma única conspiração.
As investigações do Comissário permitiram que o Micalba reconstituísse a seguinte cronologia dos fatos, d'après Frederick Forsyth:
O som da "Internacional" em ritmo de axé-music fez com que Du Goebbels tirasse os olhos do galo de briga que agonizava na rinha e atendesse o telefone celular. Só alguém muito importante o incomodaria no número secreto, especialmente num dia de agenda tão cheia: depois da briga de galos ele ainda tinha que ir numa rinha de cachorros, numa vaquejada, num campeonato de luta feminina na lama, numa escaramuça de peixes siameses, numa briga de aranhas na Arena Raul Seixas e numa discussão de pererecas na casa da Geane Mary Corner.
- Du, é uma emergença. Venha logo.
Du desligou o telefone sem pestanejar, sem mesmo ouvir o nome do interlocutor. Pouquíssimas pessoas o chamavam pelo apelido, e só uma delas pronunciava "emergença" no lugar de "emergência". Pouco depois o nariz pontudo do jato penetrava célere no céu azul (fálico, não? Freud explica) e rumava para Brasília.
A atmosfera na sala de reuniões era pesada: o regime do presidente não estava adiantando nada, o Du Goebbels estava que só um acarajé recheado de tão roliço, e Jota Dê parecia ter saído direto da clandestinidade para o Fasano. Só a magreza cadavérica e a cara de inquisitor satisfeito de Márcio Cara de Tacho destoavam.
O presidente não perdeu tempo, e, depois de tomar um generoso gole de uísque, começou:
- Companheiros: chamei vocês do seu exílio voluntário porque a situação é grave. Estamos prestes a enfrentar mais uma conspiração forjada pelas elites.
Jota Dê traduziu:
- Ou seja: pegaram a gente com a boca na botija outra vez.
O presidente tomou um generoso gole de pinga de Salinas e assentiu:
- Isso. E o que é pior: vou ter que demitir meu churrasqueiro. Ministro da Economia tudo bem, a gente arranja outro num instante, mas alguém que acerte o ponto certo da picanha é muito mais difícil.
Márcio Cara de Tacho apartou:
- Mas é só explicar pela lógica. Ninguém faria uma besteira dessas com a eleição ganha, faria?
O presidente franziu a testa, tomou um generoso gole de conhaque e sacudiu a cabeça:
- É uma questão mais complexa: de vez em quando bate uma força mais forte do que a gente. É a força.
Dessa vez a linguagem era tão confusa que ninguém entendeu, nem o Jota Dê:
- Que força? A Força Sindical? A Força Socialista? A Força de um Destino? A Força do Darth Vader?
- A força do hábito.
Depois de tomar um gole generoso de vodca, o presidente continuou:
- Isso e outras coisas: eu vivo falando para vocês fazerem como eu e não lerem nada, que ler só confunde. Mas o Fróide tem a maldita mania de ler, e outro dia eu peguei ele com "A Arte da Guerra de Tu Sifu" debaixo do braço, na tradução do Edson Aran. Vai ver que ele tirou a idéia daquele livro lazarento, ainda mais que o Edson Aran é primo da Zelite e por isso não gosta da gente. Mas agora a coisa já está feita, e eu pergunto: o que é que a gente vai fazer a quinze dias das eleições.
Começaram a surgir as idéias:
- Já sei: diga que não sabia de nada.
- Vou fazer, mas já está meio batido.
- Ponha a culpa nas elites.
- Vou por. Mas também ficou meio cansativo.
Só Du Goebbels estava calado, mas gradualmente ia surgindo um brilho nos seus olhos, que principiaram a rebrilhar, a faiscar, a luzir, a iluminar - e antes que a imagem da Hebe Camargo de vestido de noite surgisse refletida em suas pupilas, ele interrompeu:
- Meu rei, meus príncipes: deixem a coisa com o profissional. Me escutem e não me aperreiem, que o Dudinha tem a solução.
Fez-se um silêncio sepulcral, só interrompido pelo som do presidente sorvendo um generoso gole de água. De repente, um grito:
- Água! Quem encheu meu copo com essa porra?
Márcio Cara de Tacho desculpou-se e encheu o copo com rum Añejo, presente da múmia do Castrito, amigo do presidente, que tomou três generosos goles enquanto Du retomou a sua fala:
- Uma notícia como essas vai estar em tudo que é jornal, rádio e televisão. E na Internet. Mesmo contando que a maioria não lê jornal e só acessa besteira na Internet, ainda ficam o rádio e a televisão. Para esconder a notícia não dá, e pega mal. O remédio é arrumar outra notícia que atraia a atenção mais ainda.
Jota Dê cortou a conversa:
- O que? Arrumar outro dossiê logo agora? Você pensa que se acha em supermercado?
Du deu um sorriso cheio de malemolência baiana (enquanto o presidente aproveitava para beber um generoso gole de gim) e prosseguiu com ar de superioridade:
- Não, meu príncipe. Política não. De política qualquer saco anda cheio. Falo de outra coisa, de um axé mais positivo. Coisa que todo mundo goste: sexo, novela, futebol. Me siga no raciocínio: futebol era danado de bom numa hora dessas, mas a FIFA só deixa ter uma Copa do Mundo de quatro em quatro anos. Além do mais futebol tem um defeito: vai que o outro lado ganhe? O povo fica mais é aperreado. Novela também presta, mas novela só chama gente no último capítulo. E como dizia a nossa grande filósofa Madrileña Chutaí, último só tem um - o próprio. Reprise não é a mesma coisa. Sobra o sexo, que é ótimo: de um jeito ou de outro todo mundo gosta.
Márcio Cara de Tacho fingiu horror (e o presidente aproveitou para tomar um generoso gole de Bagaceira):
-Sexo na televisão? Só depois das meia-noite, ou meu Ministério não deixa! E aí perdemos os eleitores que já estão dormindo.
Du fez uma cara de cansaço mental, mas não se abateu:
- Não tô falando de sexo explícito, meu príncipe. Ou melhor, estou, mas a gente não precisa mostrar para todo mundo: mostra um pouquinho e deixa a imaginação deles fazer o resto. O negócio é um escândalo, de preferência com alguém que todo o mundo conheça, alguém que os homens cobicem e de quem as mulheres tenham inveja.
Mais esperto, Jota Dê foi o primeiro a pegar a idéia:
- Boa. Mas quem? Marisinha Catarinense? Bruna Surfistinha? Bete Patinadora? Fernandinha Skatista?
- Não, profissional não. Nem ex-profissional: em primeiro lugar não é novidade, e depois que elas viraram escritoras devem estar cobrando uma nota. Amadora é melhor.
Márcio Cara de Tacho meteu o bedelho:
- Rachel Welch?
- Cala a boca, intelectual. Essa ninguém conhece, e é mais velha do que a serra.
- Verdade? Como os anos passam depressa...
- Dercy Gonçalves?
- Sexo bizarro não, Márcio.
- Vera Fischer?
- Não é novidade, ela já fez isso em oitenta e poucos.
- Luciana Gimenez?
- Boa. Mas ela casou há pouco tempo: se for com o marido não tem a mesma graça, se for com outro ela perde o emprego.
- Adriane Galisteu?
- Boa, também. Mas Fórmula 1 tem menos público do que futebol, e tem gente nova que não lembra.
A discussão continuou acalorada, até que como sempre Du teve a idéia salvadora:
- Vamos usar um catálogo. Márcio, peça para a Dona Marisa emprestar uns quatro números de "Caras" e volta aqui.
O presidente interrompeu:
- Aproveita para trazer três litros de manguaça. Qualquer uma.
Márcio foi e voltou. Du começou a examinar as revistas com ar absorto, até que seus lábios se abriram num sorriso da proverbial indizível felicidade. Levantou-se, foi até a mesa e se serviu de uma pequena dose de rum (a última que sobrara na garrafa), acendeu um Cohiba e falou com ar bonachão:
- Achei. Daniella Cicarelli.
Jota Dê aprovou:
- Ótima.
- Ótima não: perfeita. Bonita, gostosa, ex-mulher de jogador de futebol. E ainda tem o bocão. E veja aqui o volume nas calças do último namorado dela.
Mostrou a página da revista, e Jota Dê aprovou:
- Como dizia a tia Concetta lá de Cruzeiro do Oeste, que cazzo! Literalmente: parece uma berinjela. A mulherada vai morrer de inveja.
- Os homens também. Bocão!
O presidente acordou, tomou um generoso gole de álcool Zulu e deu a palavra final com voz pastosa:
- Márcio, cuida dos detalhes.
E voltou a cochilar, e nem ouviu quando o Márcio falou:
- Pode deixar. Vou por a ABINE no caso. Até já sei o disfarce que os agentes vão usar: qualquer coisa a gente diz que foi um paparazzo. Vigilância vinte e quatro horas por dia.
Enquanto isso, a milhares de quilômetros dali, Tato e Daniella pensavam em aproveitar o feriado...

22.9.06

Barbie empunha a espada do Bento

A Barbie ia indo até direitinho na coluna de hoje quando despirocou:
"Iluminista
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre quem vem a ser Bento 16, agora já temos resposta. Com sua clara posição contra a espada do Islã, o papa colocou-se como porta-voz na defesa dos valores ocidentais. Racionalidade e amor incondicional são a antítese do uso da violência em nome da religião".

A Barbie é uma pacifista meio esquisita: ela não quer que eu tenha uma arma em casa para me defender, mas já vem brandindo a espada do Bento para o meu laudo. E a espada do Bento não é maior nem melhor do Islã. Na minha terra chamamos o que o Bento fez de "cutucar a onça com a vara curta". Como diz meu pai, vai que o outro é ainda mais ignorante do que ele e as Santas Palavras acabam sendo o estopim de um atentado. O que o Bento Papão vai dizer se isso acontecer? Algo parecido com "São" Simon de Monfort;, "Matem todos! Deus escolherá os seus!"?

Barbie: aprenda com esta definição do Micalba, d'après Aran:
CONFLITO RELIGIOSO: Dois malucos brigando para decidir se o amigo imaginário de um é mais bonito do que o do outro.

Moral com uma história

Em 1775 o escritor inglês William Hickey visitou a Jamaica e acabou na plantação de cana de um tal Mr. Richards. O senhor de engenho tinha 500 escravos, que Hickey achou gordinhos e sadios, "aparentemente um grupo de mortais tão contentes quanto se pode ser". Richards explicou a sua ideologia, dizendo que estava convencido de que melhores resultados podiam ser obtidos pela moderação e gentileza do que pelo chicote e outras punições.
No dia seguinte Hickey e Richards foram visitar uma outra propriedade do plantador, e no meio do caminho surpreenderam um feitor branco matando de pancadas uma garota negra de dezesseis anos, que se recusara a fazer sexo com ele.
Richards já tinha a resposta pronta: tanta brutalidade era ruim para os negócios e trazia prejuízos para a contabilidade. E continuou "a culpa é de uma terrível tirania provocada por um feitor excessivamente severo e bandido". Então despediu e prendeu o feitor na hora (o feitor morreu ao tentar escapar quando era transportado para Kingston), e ele e Hickey seguiram viagem. Ninguém sabe o que aconteceu com a garota.

MORAL DA HISTÓRIA: Se você tem uma ideologia bacana, um discurso pronto e quinhentos escravos gordinhos e satisfeitos, a culpa não é nem da escravidão e nem do dono do engenho. É do feitor.

Aposto que você gosta de chamar o Lula de ignorante, mas ele já aprendeu esta lição há muito tempo.

Devil of Harlem (d'après U2)

O Chaves(z) foi a uma igreja crente no Harlem e cortaram a luz: o cara não tinha pedido autorização para o evento. Mesmo no escuro e no Harlem dava para identificar El Presidente/comediante venezuelano entre a congregação: era o sorriso mais amarelo de todos.

Acorda, oh, Zé!

A chamada foi tirada de um folheto que os alemães distribuíam aos pracinhas brasileiros e que dizia que os americanos estavam subornando Getúlio e a sua corja durante a 2a. Guerra. Muito germânicos, esses alemães: até quando mentem eles arrumam um jeito de dizer a verdade.
Se você nunca ouviu falar de Rupert Murdoch, acorda, Zé. Faz tempo que ele é o dono da FOX, da SKY, da DIRECTV e o dono virtual da Globo. A notícia já deu teia de aranha na imprensa britânica - mas nenhum jornal tupiniquim soltou. A honrosa exceção foi para a ISTO É, que mais de um ano depois contou que ele tinha comprado a SKY e a DIRECTV e "estava de olho na Globo". Um furo aquático: água mole em pedra dura...
Murdoch tem 30% das ações legais da Globo, opções preferenciais em outras ações que permitem o controle total da empresa, e um Marinho permanentemente empalhado na direção para mostrar para as visitas. Não que isso tire o sono do Micalba (que não assiste televisão aberta desde "O Bem Amado"), mas é bom saber. E se você não sabe, o nome completo dele na Inglaterra é "Rupert Murdoch, C. B.". C. B. não é título de nobreza. É abreviatura de "Complete Bastard".

Se a sua perversão...

são sacanagens bíblicas, o Micalba compreende, respeita e recomenda The X-Rated Bible: An Irreverent Survey of Sex in the Scriptures, de Ben Edward Akerley. Baratinho na Amazon.

21.9.06

GENESEXXX - "No princípio era o Caos, e a turma mandava ver!"

PROGRAMAÇÃO
17:00 – Minha irmãzinha é uma delícia. Sinopse: Amnom sente tanto tesão por sua irmã Tamar que chega a ficar com dor de cabeça. A irmãzinha leva uns bolos para ele e os dois se embolam nas tendas de Israel. Amnom cospe no prato que comeu e põe a irmã para fora de casa. (Incesto, Sexo Explícito) Roteiro de 2 Samuel, 13.
19:00 – As concubinas do Papai. Sinopse: Absalão vai a Jerusalém e se aproveita enquanto papai Davi está fora para cair na tenda e entrar nas concubinas enquanto toda a Israel fica de olho – mais público do que a Ciccarelli e o namorado tiveram. (Incesto, Adultério, Sexo Explícito, Sexo Grupal, Exibicionismo). Roteiro de 2 Samuel, 16 – 21, 22.
21:00 – Surubada em Sodoma. Sinopse: Um clássico. Lot passa o varão do Senhor nas filhas, Lameque passa a vara em Ada e Zilá, Jabal passa a vara em Jubal, Enoque passa a vara em Seth, Can, Jafet, Jarede e Ada. Todo o mundo passa a vara em todo o mundo. Um dos anjos derruba o ungüento e acaba entrando na brincadeira. (Sexo anal, Sexo Explícito, Sexo Grupal, Incesto, GLS, Exibicionismo). Roteiro adaptado de Gênesis 4 e 19.
23:00 – Doutor Onan dá uma mão – O homem que colocou o “Onan” em “Onanismo” ensina a você como descobrir o seu corpo e resolve suas dúvidas sobre concupiscência.
24:00 – O Filho do Meu Amigo – Davi ama Jônatas. Jônatas bate as botas e deixa o bofe sozinho, triste e abandonado. Davi chora as pitangas e diz que não trocava a lança ardente de Jônatas por nenhuma mulher. (Drama soft GLS). Roteiro de 2 Samuel, 1 (em especial 1, 26).

E TEM MAIS! José e a mulher de Putifar (enredo clássico: mulher casada mais velha seduz adolescente), zoofilia, mais incesto, homossexualismo, sacanagens a granel. E nossos roteiristas nem chegaram em Jeremias!

Só tem um probleminha: os roteiros do Livro Sagrado têm muito mais perversão de verdade do que todos os canais adultos juntos; coisa de arrepiar os cabelos do saco de Freud e de Krafft-Ebing. Se eu não fizer um lobby legal com uns deputados e senadores evangélicos, o conselho de ética pode por areia e proibir a transmissão.

GENESEXXX - O primeiro canal Adulto-Cristão da TV

E é assim que financiado por uns trocados que sobraram da falência do Robert Maxwell e inspirado pelo espírito dele, o Micalba vai lançar o primeiro canal Adulto-Cristão da TV. Só sacanagem, mas exclusivamente sacanagem bíblica.
A idéia reúne duas coisas de sucesso garantido: sexo e religião. E como a Bíblia tem sacanagem de sobra, inspiração não falta. Duvida? É só lembrar do que disse o inglês gente boa e ideólogo da independência americana Thomas Paine, o criador do conceito de Direitos Humanos:

Whenever we read the obscene stories, the voluptuous debaucheries, the cruel and torturous executions, the unrelenting vindictiveness, with which more than half the Bible is filled, it would be more consistent that we called it the word of a demon than the word of God. It is a history of wickedness, that has served to corrupt and brutalize mankind; and, for my part, I sincerely detest it, as I detest everything that is cruel."

É, o cara escreveu isso bem nos tempos pré Bush, os mesmos em que outro Founding Father – Thomas Jefferson – dizia

"We discover [in the gospels] a groundwork of vulgar ignorance, of things impossible, of superstition, fanaticism and fabrication."

Mas deixa pra lá. O Micalba está aqui para divulgar o seu canal GENESEXXX – e exatamente como nos Manuscritos do Mar Vermelho, a sinopse da estréia segue acima.

Micalba contra-ataca

Aqui não é novidade, mas nos States é o assunto da hora: a FOX resolveu aproveitar a onda crente renitente e lançar um canal “exclusivo para cristãos”, com programação idem. O Micalba sentiu o cheiro de enxofre do Rupert Murdoch e em nome da liberdade de religião de Pindorama (?) correu para o Centro de Umbanda Axé Ilariê Ilê Aiê para pedir socorro do além e contra atacar. Logo o Pai de Santo Xinxim Ziriguidum começou a pular, dançar, saltitar e a pronunciar palavras sem nexo, e antes que ele começasse a cantar “Refazenda” e fosse nomeado Ministro da Cultura, o Micalba interpelou a entidade encarnada:
- Quem sois, alma penada?
- Ján Ludvik Hoch.
- Fiquei na mesma.
- Mas pode me chamar de Robert Maxwell.
- Ah, bom.
As forças do além estavam sintonizadas naquele dia (o PCC não estava combinando assaltos pelo celular e o ciberespaço andava descongestionado): o Pai de Santo Xinxim Ziriguidum encarnara a única entidade maligna do calibre do Murdoch, o antigo arquiinimigo dele. O Micalba pediu conselho e ouviu o seguinte:
- Bom, para combater não dá. Com o Murdoch e o Bush e o Bento ameaçando me dar com a Bíblia na cabeça, os Garotinho e os deputados evangélicos me ameaçando não só com a Bíblia mas também de me envolver em mais um escândalo, e o Osama atrás de nós com o Alcorão e uma cimitarra enorme e latejante, nem as almas penadas podem fazer alguma coisa.
- E fica assim?
- Bem, sempre resta a guerra de guerrilhas: se não pode derrotá-los, una-se a eles e ganhe bastante dinheiro. Não satisfaz mas é um senhor consolo.
E a alma penada segredou algumas coisas na orelha do Micalba, que agradeceu:
- Obrigado, Espírito do Mal. Como vão as coisas no Inferno?
- Meio quentes. Mas eu não posso reclamar: É só ver as fogueiras que estão preparando para o Murdoch e para o Castro que eu me consolo.
E como nesta joça tudo se lê ao contrário, siga a continuação aí em cima.

Lula Biomecânica

Dizem que uma das ciências do futuro é a biomecânica - que vai permitir a utilização em objetos de substâncias e peças normalmente só presentes em organismos vivos.
A Du Pont saiu na frente e comprou um pedaço da pele do Lula para desenvolver um substituto mais avançado do Teflon, mas os testes são desanimadores. Nada gruda no protótipo, mas ele é tão eficiente que não gruda nem na panela.

20.9.06

Da série "Grandes Cantadas Para Depois dos Quarenta"

O que você prefere, garota? Um Fiat Uno zero quilômetro ou um Rolls Royce usado, mas conservado - ainda que rodadão?

Agora todo o mundo pode meter o bedelho!

Liberei os comentários para todos. Desculpem a situação anterior: o Micalba não é avesso a críticas, é só semi-analfabeto em blogs.

Viva a Economia de Mercado!

Vinte e cinco anos atrás tudo o que se conseguia comprar na China era um maço de acelga, um exemplar do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung e um pijaminha azul. Hoje você consegue comprar até um bilau novo. Bom, novo não: pouco usado.

Por outro lado...

... e se eu mudasse o cenário da China para uma favela carioca ou uma cidade bem miserável do Nordeste e chamasse o Paulo Betti para fazer o papel do chinês e o Wagner Tiso para compor a trilha sonora? Dava para descolar uma grana da ANCINE fácil, fácil - 10 por cento ficam para fazer o filme e o resto para a minha ONG de caridade, a Fundação Micalba de Socorro às Lindas Ninfomaníacas Carentes.

E não perca o filme

Essa história me fez lembrar de um filme de terror chamado "A MÃO", dirigido pelo Oliver Stone e estrelado pelo Michael Caine. O enredo é mais ou menos assim: o Michael Caine é um desenhista que perde a mão num acidente e implanta uma mão de serial killer. A mão adquire vontade própria e sai matando mais gente do que o PCC e a polícia paulista juntos.
Daí, o Micalba resolveu aproveitar o caso do chinês e filmar "A JEBA". Algumas idéias possíveis para o roteiro:
1) O doador era um famoso artista pornô do cinema chinês, responsável pelo sucesso mundial de "O Clã das Pirocas Voadoras", dentre outros. Quando o pirusgulinho é implantado no nosso personagem, ele adquire um tesão de seminarista e sai tresloucado. A mulher dele não gosta e ameaça cortar fora sem anestesia; acuado, ele pede a remoção cirúrgica.
2) O doador era apaixonado pela linda Fuk-Fuk, a Vênus de cabelos de lótus, lábios de rubi e periquita de jade. Por sua vez Fuk-Fuk era apaixonada pelo Bláulio do doador e ao descobrir que ele foi implantado em outro ela resolve assediar nosso personagem. Ao contrário de Fuk-Fuk a mulher do personagem tem cabelos de hena, lábios de Botox e periquita de borracha, e ele fica bem assanhadinho quando a Vênus aparece. A mulher não gosta etc.
3) O doador era Long Dong Gay, o terror das saunas masculinas de Shangai. Nosso personagem sente que algo mudou dentro e fora dele; dias depois o carteiro, o leiteiro e o entregador de rolinho primavera têm a mesma sensação. A mulher dele não gosta etc.

Freud não explica

A chamada da Folha é "Freud Explica", mas isso só explica a obsessão dos jornalistas com uma idéia de cada vez. Freud não explica nada; o fato comprova que a inescrutável mente oriental é imune à inveja do pênis.
Por que um cara de 44 anos devolveria um pirusgulinho de 22?
1) Ciúmes do próprio pirusgulinho novo: a performance melhorou, a mulher dele gostou e ele ficou pensando: o que meu velho Bláulio tinha de elado?
2) Adolescência renovada com um bilau 22 anos mais novo. O chinês acredita piamente no ensinamento do filósofo Tsé-Tsé, "Honorável Pinto tem cabeça mas não tem juízo", e não quer passar pela adolescência outra vez.
3) Uma relação de fidelidade e intimidade com o velho caralho. O novo só pensava em rave e na Paris Hilton; o antigo suspirava por uma cinta-liga, luvas de chamois pretas até os sovacos e pela Sofia Loren. Além do mais, não havia assunto entre os dois durante a mijada matinal.

Chinês devolve pirusgulinho

Saiu na "Folha"de hoje:
"Chinês rejeita novo pênis após transplante
Um paciente chinês que havia sido o primeiro homem a receber um transplante de pênis pediu a seus médicos que retirassem o órgão duas semanas depois, devido a "graves problemas psicológicos" causados a ele e a sua mulher pelo procedimento. A cirurgia, feita no Hospital Geral de Cantão, foi um sucesso e não havia sinais de rejeição pelo sistema imune do paciente, de 44 anos. O pênis fora removido de um homem de 22 anos com morte cerebral".

19.9.06

A culpa é da mãe...

... que põe no filho o nome de Freud Godoy: o sujeito cresce complexado e acaba se metendo em péssimas companhias.
Freudiano, não?

Snakes on a plane...

podia ser a leganda da foto da página A6 da Folha de São Paulo.

Victoria Regina cita Marx

E saiu mais essa:
“O exercício com um cão pastor belga demonstrou o treinamento para identificação de explosivos. Após descobrir o explosivo, o cachorro sentou-se, senha para mostrar a presença do artefato”.

O comentário é da Vicky, a cachorra do Micalba (Victoria Regina nos meios literários):

Como dizia Marx (Groucho): “Inteligência Militar é uma contradição em termos”. Qualquer cachorro civil sabe que ao se identificar um pacote de explosivos a coisa certa a se fazer é correr na direção oposta – e sebo nas canelas!

Au, au.

Vai ler Kipling, Delegado.

O tal do Marcos Ferreira devia ler Kipling para se tranqüilizar:
'Twas the women, not the warriors, turned those stark enthusiasts pale. /
For the female of the species is more deadly than the male. "

Será que ele é?

E ao lado da notícia saiu outra pérola: o delegado Marcos Ferreira fez comentários negativos sobre a participação de mulheres em tropas de elite. Reclamou que "Agora a gente tem que aturar mulher".

Suspeito, diria o Comissário Micalba (que fora o Detetive Manoel e o Inspetor Joaquim só tem mulheres na sua equipe). Diria mais, muito suspeito: todos aqueles caras musculosos fazendo rapel e depois dividindo o chuveiro juntinhos... O delegado entrando no covil dos bandidos com aquela pistola enorme nas mãos e gritando para os seus comandados, que o seguem de pertinho todos vestidos com aquelas roupinhas sintéticas pretas e de máscara (dá até para sentir o bafo quente do Agente Robin na nuca), : “Atrás de mim, homens!”. Hummm... E daí chegam umas lambisgóias e acabam com a festinha dele. Superlativamente suspeito, diria o Comissário.

Inseguro, eu?

Saiu no jornal de hoje: a Polícia Federal está editando uma Cartilha de Segurança para os participantes da 75ª. Assembléia Geral da Interpol, que começa hoje no Rio – mesmo sendo os participantes a elite das forças de segurança mundiais.

É, a situação está mais preta do que eu pensava. Já imaginou:

- Aí, mano, é um assalto. Pode ir passando tudo.
- My name is Bond, James Bond.
- Que bonde o que, gringo! Bonde aqui só o do CV e do Tigrão. Pode ir passando o Rolex com laser escondido, a Walther PPK e as chaves do Aston Martin. E tirando esse smoking bacana.

Minha santa ignorância...

E eu que pensava que “mecanismo de transferência freudiano” tinha outro significado.

18.9.06

A galinha do vizinho é sempre mais gostosa.

O alter ego do Micalba acha coisa de masoquista ficar assistindo série policial e de tribunal depois do expediente, mas o Micalba até que gosta. E a Mariska Hargitay é gostosa e bonita o suficiente para que se queira saber mais sobre ela, e depois que ela ganhou um Emmy já foi o Micalba para o IMDB e a Wikipedia – o grande refúgio dos ávidos por cultura inútil. O nome húngaro dava um quê especial de mistério.
No fim – Oh, decepção – a Mariska se revelou tão exótica quanto o goulash que a vovó Micalba improvisava com uma receita tirada de uma edição velha de “Cláudia”. Ela é filha da Jane Mansfield, de quem o vovô Micalba costumava dizer com um brilho especial no olhar que “tinha uns peitos de vaca holandesa” (um elogio especial para ele, já que o vovô criava vacas leiteiras como hobby).
Uma coisa interessante: existe uma suspeita (chamem o SVU) de que ela seja filha do vizinho – no caso, um sujeito chamado Nelson Sardelli, que era namorado da Jane Mansfield no tempo da concepção de Mariska – quando Jane ainda era legalmente casada mas aparentemente separada do Mister Universo húngaro Mickey Hargitay, o pai oficial. Seja como for, a Mariska é excepcional para alguém da safra de ’60 – oficialmente ela nasceu em 1964.
O que fez o Micalba se lembrar de outra gracinha que é filha do vizinho – a Liv Tyler, que pensou que era filha do Todd Rundgren até descobrir que era a cara da irmã, filha do Steven Tyler do Aerosmith. A Liv é outra deusa do panteão micalbeano – até de orelhinhas pontudas ela fica o máximo.
Ou seja, alguém não pode se orgulhar nem de ter uma filha bonita – o pai pode ser o vizinho.

A Pistola do Coronel II

Parafraseando a Barbie:
Aposto uma dose de Glenmorangie (picolé de limão é para mim uma perspectiva por demais nauseante) de que se o Coronel Ubiratã fosse marine ou fã de Stanley Kubrick ele ainda estaria vivo.
Ou alguém não se lembra daquela cena do Full Metal Jacket (Nascido para Matar) do pessoal marchando com o fuzil numa das mãos e balançando o pirusgulinho na outra, enquanto canta:
This is my rifle,
This is my gun.
This is for fighting,
This is for fun
.”

Contudo todavia no entanto entretanto...

... posso estar sendo terrivelmente injusto com o tal do Renato Kherlakian. Se foi proposital, o cara está na minha lista de armênios e descendentes top - ao lado do William Saroyan e do Calouste Gulbenkian.
O Lula e Alkmin e a Heloísa Helena dele estão na categoria de objetos do desejo, com uma ótima piada de troco:
Todos nós da Classe Média gostaríamos de um Lula mostrando a sua verdadeira cara de bicheiro; de uma Heloísa Helena mais inofensiva, tipo sobra dos anos 70; e de um Alckmin fazendo o estilo "office-boy que chegou à Sub-Vice-Under-Ünter Presidência" - a Heloísa Helena e o Alkmin especialmente, porque iriam tirar muito mais votos do Lula assim.

17.9.06

A Roupa Nova dos Reis

No afã de encher a infinda lingüiça da edição de domingo (A21), a Folha chamou alguns consultores de moda (o nome oficial deve ser personal something) para fazer uma espécie de Queer Eye For the Straight Guy. Queer Eye é aquele programa onde uma ou duas tias flamejantes convencem um suposto heterossexual a se vestir como uma tia flamejante, na esperança de que tias flamejantes sejam mais atraentes para garotas heterossexuais. O resultado quase sempre é que a vítima acaba entre o camp e a tia flamejante, mas ele leva a garota no final. Talvez porque estivesse no script.
Se os caras tem senso de humor, o resultado foi bom. Se se levaram a sério – como eu digo e repito, eu nunca ganhei nada superestimando a inteligência de alguém até hoje- ficou assim:
Nas fotos:
O Alckmin saiu com cara de subgerente de marketing com superego inflado (de empresa fajuta), daqueles que pensam que são executivos. O tipo é mais ou menos assim: um sujeito que saiu da classe média baixa e provavelmente do interior que se veste como um cabide de grifes e tendências: se a lapela é larga, a dele tem meio metro, se é estreita, tem dois centímetros. Todos os acessórios masculinos estão presentes de uma vez: lencinho, prendedor de gravata, abotoadura, enfeitinho de ouro. Os cabelos são gomalinados ou a careca é raspada (um cara sugeriu isso ao Alckmin – espero que não a sério), o cara toma um banho de Drakkar, as gravatas parecem diarréia de havaiano e as camisas são eletrizantes – no mínimo. A Heloísa Helena ficou uma pitcha grila aposentada e simpática passando o fim-de-semana em Búzios; a típica dona de loja de artigos de Bali ou Indianos.
Já o Lula está ótimo como bicheiro bem sucedido – ou bicheiro que finalmente deu certo como traficante.
Já os sujeitos que fizeram os desenhos tiveram um resultado patético: a turma parece ter levado a sério a história e os candidatos aparecem no dernier cri, e nada menos dernier cri do que dernier cri.

Se essa história de blog não der certo...

... vou tentar auto-ajuda empresarial: "Gerenciamento permanente de crise: como conviver depois dos 40 com um emprego, um blog, uma mulher, dois filhos pequenos e um filhote de Jack Russell sem acabar no hospício".

16.9.06

Never be rude to an arab

Se o Papa tivesse escutado mais Monty Python e menos canto gregoriano, teria evitado uma cagada astronômica.
Que fã do Python não se lembra de

"Never be rude to an Arab,
An Isreali, or Saudi, or Jew.
Never be rude to an Irishman,
No matter what you do.

Never poke fun at a Nigger,
A Spic, or a Wop, or Kraut.
And never poke fun at at... "

BUM!

15.9.06

Enfim, algo sensato da Barbie

Mais um trechinho da Bárbara:
"E quem guarda armas e bebida alcoólica em casa está procurando encrenca da grossa".
Enfim, uma observação sensata. Se você guardar armas e bebidas em casa:
- As armas não vão passar pelo bico das garrafas;
- Por outro lado, se você despejar a bebida num balde e colocar a arma dentro, o álcool vai evaporar, a arma vai enferrujar e o uísque vai ficar com gosto de pólvora, óleo e ferrugem.
Obrigado, Babi. Estou indo para casa secar o bar; fico só com as armas.

Enquanto isso, na sede da Polícia Secreta Portuguesa...

- Detetive Manoel, como vão as investigações do coronel assassinado?
- Um caso complexo, Inspetor Joaquim: duas pessoas num apartamento, o gajo e a namorada dele, e uma delas morreu. Quem será o culpado?
- Huuumm... Intrigante... O apartamento tinha mordomo?
- Não. Realmente, um beco sem saída. Bestial.
- O gajo era paneleiro?
- Pelo contrário, tinha umas três mulheres ao mesmo tempo. E a que estava com ele no apartamento morria de ciúmes.
- Detetive Manoel: seria possível que a namorada dele fosse a assassina?
- Uma possibilidade, inspetor. Mas a mãe da cachopa não mostrou aquela mensagem no telemóvel ameaçando a filha dela?
- Mas não seria possível que ela mesmo tivesse mandado alguém deixar a mensagem?
- Raios! Como não pensei nisso antes! Por outro lado, a mãe dela é advogada, e eu nunca soube de um advogado que mentisse antes, quanto mais em favor da própria filha...
- Nunca, Manoel?
- Nunca, Joaquim.
- É... Intrigante... Diria mais, muito intrigante... Manoel, volta lá e aprofunda as investigações para ver se o coronel não tem um mordomo escondido em algum lugar.
O Detetive Manoel vai saindo quando toca o telefone. O Inspetor Joaquim atende, fala um pouco e grita:
- Volte aqui, Manoel! O Comissário Micalba solucionou o mistério! Foi a Bárbara Gancia!
- Raios! Outra vez! O Comissário Micalba não erra uma! Bestial! Agora chame a malta para fazermos uma zaragata! Vai ser barril!

Por outro lado...

“Morreu por causa da pistola” é o título da coluna da nossa trêfega newsbitch. Apesar da inexatidão literal – os jornais dizem que a arma era um revólver – pelo menos no sentido figurado acho que ela acertou. Andam dizendo o coronel tinha pelo menos três namoradas, uma delas ciumenta: um verdadeiro tesão de seminarista. Aquele que vive pela pistola acaba morrendo por ela, ainda que no caso a pistola seja outra.
Acho que até a Bárbara pensou nisso – mas eu nunca ganhei nada superestimando a inteligência de alguém até hoje.

Parem as rotativas! Foi a Bárbara!

A dublê de jornalista e marqueteira da Kibon (ela vive prometendo picolés de limão na sua coluna) Bárbara Gancia soltou essa na coluna de hoje:
“Se o coronel Ubiratã não possuísse um arsenal de sete armas ao alcance da mão, aposto um picolé de limão como ainda estaria vivo. Ou será que alguém acredita que ele teria sido morto a facadas?”
Pelo menos o alter ego do Micalba – que trabalha há quinze anos na área criminal (e no setor público) - disse que acredita piamente: de uns milhares de homicídios ele só viu um – um mesmo – que foi praticado com uma arma legalmente registrada e portada (com armas devidamente registradas mas portadas ilegalmente o número é maior, mas ainda é uma imensa minoria). Por outro lado, o alter disse que já viu muitos outros homicídios praticados com as armas mais estranhas: a mais bizarra foi um torrão de terra. Quando se quer matar alguém, qualquer coisa à mão serve.
No mesmo surto de hoplofobia, a nossa newsbitch (não é nada, só o feminino de newshound) continua:
“Defendi o sim no referendo sobre as armas. Por conta disso, nos meses que o antecederam, um grupo de malucos escrevia diariamente para me intimidar. Sei que a filha de um deles acabou morta por arma de fogo. Outro, deu um tiro na cabeça.”
Suspeito, diria o Comissário Micalba. Muito suspeito. Malucos que escrevem cartas ou e-mails – o Comissário mesmo já recebeu alguns – o fazem anonimamente, ou a vítima acaba por tomar as providências legais– a não ser que se trate de uma masoquista.
Mas a Bárbara sabe que se o revólver não estivesse ali o crime não aconteceria, sabe que o Coronel não seria morto a facadas, sabe quem são os malucos que escreviam para ela mas aparentemente não fez nada, sabe que a filha de um deles e um outro morreram com disparos de arma de fogo.
Estranho, pensou entre cachimbadas o Comissário Micalba. Essa mulher sabe demais. Uma teoria começou a revolutear, saltitar, caracolar e a rebolar na cabeça dele, e antes que a idéia se transformasse no Ministro da Cultura, ele exclamou:
- Já sei! Foi a Bárbara! Ela está eliminando um por um para provar a sua teoria absurda!
Fuja, Bárbara, fuja! Tudo foi descoberto! Run for your life!
PS: Não se esqueça de me mandar o picolé de limão antes.

14.9.06

Se as notícias não forem boas, atire no carteiro.

Tem gente reclamando que não consegue comentar as postagens. Se todos forem como eu e acharem que o computador é um mistério tão profundo quanto a cor original dos cabelos femininos, escrevam para s_e_micalba@yahoo.com.br , pelo menos até eu achar uma toca segura o bastante para a Madrileña Chutaí não me encontrar.

O cara que inventou o blog era árabe, judeu ou hindu?

Se não era, porque essa porcaria tem que ser lida ao contrário?

Me arrependo de não ter conversado mais com o Jeremias...

mas na época eu era da esquerda champagne (Dom Perignon para as massas!) e não tinha muito assunto.

Conversando com o Jeremias

Jeremy Bentham é um dos poucos filósofos que conversam com qualquer um: desde 1832 você pode falar com ele no University College de Londres. Está certo que desde essa época ele anda meio empalhado, mas nem por isso deixou de ouvir ninguém.
Jeremy virou uma múmia por vontade própria, e uma múmia bem simpática: fica sentado numa cabinezinha de chapéu de palha, casaca escura e culote bege. Um velhinho adorável, pode conferir em http://cepa.newschool.edu/het/profiles/image/benthead.jpg
Além do piolho, ele é o único ser que eu conheço com os pés na cabeça. Mas é um amor de múmia, se bem que ele prefira ser chamado de AutoIcon.
Até nisso ele a esquerda acabou parecida com ele: ele e Lenin são as únicas múmias modernas em exposição que eu conheço.
A diferença é que ele está sentado e de olhos abertos e Lenin parece dormir o sono eterno.

Deixa o Jeremias em paz!

Vinte em cada dez filósofos de esquerda dão um chute em Jeremy Bentham antes de começarem suas obras para valer, acertando o Utilitarismo na tabelinha. Marx faz uma de suas tiradas metidas a engraçadinhas no capítulo VI, 2a. parte, Livro I do "O Capital" (e consegue ser tão engraçado como uma comédia de Bertolt Brecht: Germans have a sense of humour......hã); Foucault vai logo vestindo as roupinhas de couro e empunhando o chicotinho de seda contra o Panopticom no início do Vigiar e Punir.
O engraçado é que Bentham foi um pioneiro na defesa da liberdade individual, da separação entre a Igreja e o Estado, da liberdade de expressão, da igualdade de direitos para as mulheres, dos direitos dos animais, do fim da escravidão, da abolição de punições físicas - incluindo em crianças, do direito ao divórcio, da igualdade de direitos para os homossexuais, da taxação da herança, das restrições ao monopólio, das pensões e do seguro saúde.
Ou seja, das bandeiras atuais da nova velha esquerda. Se bem que no caso das restrições ao monopólio, seguro saúde, imposto sobre herança e pensões a nova esquerda só finja.
Dona Madrileña Chutaí e Cia.: deixa o Jeremias em paz. Vão bater no Carlos para variar - por coerência, pelo menos.

Por outro lado, casamento de nazista...

"Tenho sorte de não ser casado. Para mim, o casamento seria um desastre". (Adolf Hitler, 25 de janeiro de 1942).
Isso é que é premonição. Mal a cerimônia acabou e ele e a Eva deram um tiro nos miolos.

13.9.06

Casamento de judeu...

é o único que começa com boas perspectivas: os noivos fazem os votos debaixo do chupá.

Mas é bom não reclamar...

porque do jeito que as companhias aéreas andam, qualquer dia vão me pedir para bater as asas.

Voar é com os pássaros...

deve ser por isso que quando eu viajo pela GOL só me dão uma barra de alpiste para comer.

O dia do dia seguinte

Rebu no Chile: protestos e mais protestos depois que a La Presidenta Bachelet - uma versão local do tribufú de esquerda pátrio - resolveu distribuir a pílula do dia seguinte. Sinto até medo em dizer que concordo com ela - você começa concordando com um político de esquerda e começa a passar por estranhas mutações, até ficar parecido com uma cruza de Paulo Betti com Madrileña Chutaí - mas a melhor pílula do dia sequinte aqui seria outra: uma que você tomasse no dia 28 de outubro de 2002 e tudo voltasse a ser como dantes.
Daqui a uns dias todo o mundo vai querer uma assim outra vez.

Quando é que vão dizer...

... que o Castrito finalmente escorregou do telhado?

Influências dos Python

Que os Python influenciaram um monte de comediantes - até no Brasil - todo o mundo sabe; o pessoal do Planeta Diário começou com um programa chamado "Wandergleyson Show" que era Python puro. E alguns brasileiros até exageraram: o Gilberto Gil gostou tanto do Ministry of Silly Walking que está apresentando o Ministry of Silly Dancing faz um tempão.

Rico ri à toa?

Comprei a autobiografia dos Python pelos próprios e acabei descobrindo que ao contrário do que eu pensava quase todos eles nasceram gloriosamente classe média: o pai do John Cleese (que se chamava Reginald Cheese e trocou o nome com medo do ridículo, por outro lado privando o filho de algumas piadas fáceis) era corretor de seguros, o de Graham Chapman era policial, o de Terry Jones bancário, Eric Idle é órfão desde a infância e foi criado pela mãe enfermeira. O americano do grupo, Terry Gilliam, era filho de um carpinteiro. Só os pais de Michael Palin tinham fumaças de landed gentry: o pai era engenheiro e a mãe dona de casa.
So much para a minha idéia de aristocratas educados em public schools e refinados em Oxbridge (bem, todos estudaram lá, mas a maioria entrou pela porta apertada das bolsas de estudo e das boas notas nas grammar schools). E nenhum deles teve qualquer treinamento como ator: todos começaram no teatro amador.
Daí me veio a pergunta: se rico ri à toa porque os humoristas (os engraçados) são todos classe média? Quebrei a cabeça e não consegui me lembrar de nenhum que tivesse nascido incrivelmente rico ou pobre. Chaplin era infinitamente mais classe média do que fazia supor, os irmãos Marx eram mais para classe média baixa. Um pouquinho mais ricos eram Douglas Adams e, acredite ou não, Oliver Hardy, o Gordo. Minha conclusão é que a classe média só existe para que os ricos e pobres possam rir dela.

12.9.06

Antes de atirar a primeira pedra...

Lembre-se de que o cacófato abaixo pode ser apenas um Freudian slip.
Freudian Slip está assim só para irritar o Aldo - ou não? Soa melhor; ato falho parece uma modalidade de ejaculação precoce.

Ajudando a Madrileña

A triplê (mais do que dublê e pouco menos do que quadrúpede) de ideóloga, filósofa e tribufu ventoso Madrileña Chutaí (ia ser Chupaí mas vade retro difamação)– aquela do silêncio que nunca consegue fechar a matraca – anda falando muito em Espinosa ultimamente.
Como eu acho que ela ainda não leu esse trechinho do Baruch, o Micalba resolveu contribuir:
“Portanto, entre todas as ciências que têm uma aplicação, é a política o campo em que a teoria passa a diferir mais da prática, e não há homens que se pensem menos próprios para governar o Estado do que os teóricos, quer dizer, os filósofos”.
Se com isso ela não fechar a boca de uma vez por todas, só resta sugerir www.superbonder.com.br

O palhaço sou eu

Aqui em Jutucurundu é práticamente impossível parar num semáforo que não tenha mendigos disfarçados de artistas de circo (como aliás em quase todo lugar hoje). O diferente aqui é que todos são formados na Escola Municipal de Circo, grande obra da nossa prefeitura PuTelha. Como a escola funciona graças aos meus impostos, acabei descobrindo porque são tantos os acrobatas e tão poucos os palhaços: é que o palhaço sou eu.
Podiam variar um pouco e apresentar um tucano amestrado.

Que catzo é um intelectual?

A melhor definição de intelectual que eu conheço é a de um personagem do George MacDonald Fraser: “What’s an intelectual? A clever bastard.”
Para os signatários do abaixo assinado apoiando a filhote de Trotsky com Cruz-Credo Heloísa Helena, a definição fica perfeita.

11.9.06

A última esperança da esquerda

Enquanto o Tony Blair ainda não foi defenestrado, uma última esperança: o Micalba descobriu que a Cherie Blair ainda usa o nome de solteira quando atua como advogada - a epítome do ápice do cume do politicamente correto. E o nome é Booth, o mesmo do papi Tony Booth, ator descendente de uma longa linhagem de atores - incluindo o priminho ancestral John Wilkes Booth, que atirou na nuca de Abraham Lincoln numa das primeiras experiências de marketing pessoal da História. Infelizmente o cousin exagerou na dose.
Mas taí: talvez a estratégia da nova esquerda de se parecer cada vez mais com a antiga direita - descontado o nariz pontudo, bom para se meter cada vez mais no que devia ser a vida particular do cidadão - seja apenas parte de um plano astuto. Pouco antes de sair pela porta dos fundos de Downing Street a Cherie convida o Bush para um jantar e aproveitando um instante de distração crava na nuca dele a espátula de trinchar o rosbife vegetariano, gritando outra vez "Sic semper tiranus".
Para quem ainda acredita no PT - e no Labour, e no Chaves (o "z" é opcional), e no Pinguino Argentino e no Castrito Subiu no Telhado, é a última esperança.